Com uma doçura difícil de encontrar e com humildade dos velhos sábios, tenho orgulho em dizer é meu irmão de Oyo – enquanto tento não me gabar, já me gabando só por ser irmã dele, Baba Flávio Monteiro conta para Orisa Brasil sobre o seu amor por Oya. Ele acaba de ajudar a revitalizar o templo de Oya na cidade de Ira Nigéria e antes deste ajudou a revitalizar o templo de Oya na cidade de Oyo – Nigéria.
Foi em Oyo que eu o conheci, ele apareceu abraçado com Oya Busola a sacerdotisa de Oya principal da cidade de Oyo na minha iniciação para Yemoja em 2018 e foi o rosto de casa Brasil que me acolia ao olhar.
Vamos lá.. prepare-se para o amor a Oya que está ajudando a desenhar a história:
Baba Flávio Monteiro, João Pessoa Paraiba
Ele começa dizendo que logo na infância foi iniciado na Jurema, com uma prima dele chamada Valdete, logo depois veio a falecer, seguiu para uma casa de candomblé em sua cidade, Pai Gilberto de avô Babalorisa Mário Miranda que tem descendência do sitio do Pai Adão, filho de Malaquias e Zé Romão.
Por gostar muito de Orisa, foi para Salvador, direto para Casa Branca de Engenho Velho, ficou apaixonado, mas tinha um problema, lá eles não iniciam homens, então foi para o Ile Omi Lonan, um candomblé derivado da Casa Branca, foi iniciado por Mãe Tata, Mãe Tieta e Baba Edivaldo de Araujo com muito orgulho ele ressalta.
“Lembro como se fosse hoje, quando fui fazer minhas obrigações eu fui até a Casa Branca, era aniversario de mãe Tata, fiquei ali no salão, eu via o povo chegando, trazendo flores por trás de mim, esperei um pouco e chegou o pai Edivaldo, que é afilhado de mãe Tata, Pai Edivaldo herdou o axé da avó que já era da mesma linhagem da Casa Branca, e foi ele quem consultou os búzios para mim, mãe Tata ficou ao lado, e deu todas as orientações a ele. Disse a ele para me acolher que ela participaria da minha iniciação na casa dele.”
Fundou a sua própria casa de candomblé em 1989 está nela até hoje, e segue as tradições que aprendeu com mãe Tata e mãe Tieta e Baba Edivaldo, a casa em João Pessoa, Paraíba, foi feita nos mesmos moldes , quartos de cada Orisa e o salão principal.
“Depois de anos de dedicação ao candomblé, meu amor por Oya só aumentou, só cresceu, e fiquei curioso em conhecer toda a origem dela, afinal onde e por quem ela era cultuada? ainda existia culto em terras yoruba? Por amor a Oya, eu queria me aprofundar o máximo possível.”
Então ele vai para terras Yoruba, e visita inúmeros locais sagrados da Orisa Oya:
Em Oyo:
Quando foi a primeira vez para área yoruba, visitou povos de Oya, com emoção em sua voz ele diz que se apaixonou por OyaBusola – a Olori Oya Alaafin Oyo, diz ele então que tinha um problema para resolver, só contariam os segredos de Oya, se passasse pela iniciação no local, assim como no Brasil, ninguém adentra a uma casa e tudo é revelado, alguns segredos familiares são guardados. Ele garante que a iniciação do Brasil foi aceita e reconhecida, mas que alguns locais sagrados em terra yoruba só podem ser adentrado se a pessoa colocou no corpo um certo tipo de ase, ou seja estava em terras yoruba e não podia conhecer os segredos de Oya, aquilo perturbou seu ori, então com todo respeito pediu para Oya dar uma direção o que deveria fazer. Estava absolutamente extasiado por estar em terras yoruba, algo que não havia imaginado que poderia fazer um dia. E Oya mostrou a direção, foi assim que adentrou também a família de Oya de Oyo. Ele diz “ é Oya quem orienta minha vida é nela quem eu confio”
Conta ele que quando esteve a primeira vez no templo principal de Oya em Oyo, o Okeonira as condições do templo eram lastimáveis, uma tábua de madeira separava o templo da rua, o teto estava desabando, um sacerdote Oje de egungun Ologbojo estava no local, e junto com Oyabusola fez uma consulta divinatória, e disse que tinha sido enviado para ajudar a preservar Oya e o templo. Oya pedia socorro.
Quando estava em Oyo conheceu a Dra Paula Gomes que estava já fazendo um trabalho de preservação da cultura Yoruba em Oyo, com uma fundação a Paula Gomes Foundation, um trabalho muito importante, e já havia restaurado outros templos, então quando voltou para o Brasil com assistência da Dra Paula, começaram a restaurar/reconstruir o mais importante templo de Oya em Oyo, desde o esgoto da rua, base da fundação de concreto do templo até a sua decoração. “A Dra Paula foi muito importante, era meus olhos, e o principal conseguíamos nos comunicar já que falava português e ela já tinha experiencia em restauração de templos no local .”
Em 2017 o Alaafin inaugura o templo que passa a entrar em funcionamento.
O templo estava pronto, quando o Baba Flávio conta que sonhou com Ologbojo o egungun que acompanha a linhagem a de Oya, e então fizeram uma consulta divinatória em Oyo, e foi quando decidiu colocar também ali a estátua de Ologbojo também no Templo.
Em Julho de 2018 o Egungun ficou pronto Baba Flávio foi até lá para a celebração que recebeu a visita do Alaafin Oyo e foi reinaugurado.
Baba Flávio então via pela primeira vez o resultado das obras e contou que ficou maravilhado com a nova estrutura do Templo de Oya, e que ficou mais feliz ainda pelos yoruba, que haviam aprovado e gostado do resultado, ouviu coisas como agora temos um local bonito para celebrar Oya.
Baba Flávio junto com a Dra Paula Gomes se preocuparam em dar uma estética nova, porem que todos os desenhos nas paredes do Templo de Oya seguissem as características Yoruba, um artesão local foi especialmente escolhido pelo seu talento.
Em 6 de dezembro de 2019 Baba Flávio Monteiro, por iniciativa da Dra. Paula Gomes e a Asa Orisa Alaafin Oyo, registraram o templo oficialmente no governo federal da Nigéria.
Oya não só tinha um novo e belo templo mas pela primeira vez estava oficialmente no registro dos órgãos públicos.
Em Ira:
E vem a terra de Ira, Baba Flávio contou que esteve lá pela primeira vez e que o caminho para chegar no templo era simplesmente inacreditável, uma mata praticamente fechada com muitos desafios, mas que ele tinha que ir lá conhecer, a terra de famosa terra de Oya de onde para o Brasil surgiu uma qualidade chamada Onira.
Como já publicado na Orisa Brasil o santuário de Oya em Ira foi reconstruído pelo rei local que carrega o Titulo de chamado Onira, junto com seu filho que foi iniciado em Oya, o local havia apenas uma fonte de em mata aberta onde Oya desapareceu no solo, com muito esforço e empenho com as próprias mãos os locais cercaram o local e deram para Oya um templo.
Baba Flávio e seu amor por Oya, conheceu o Rei Onira.. ele foi autorizado a conhecer os rituais de Oya na cidade, e não só isso, o Rei Onira, contou que os descendentes de Ira tinham vindo também de Oyo através de um caçador, o Onira ficou tão encantado com a trajetória de Baba Flávio que também o reconheceu ali, além então de ter sua linhagem ligada a Casa Branca, Baba Flavio agora também possuía a linhagem de Oyo e reconhecido em Ira.
O Rei Onira mal poderia esperar o que viria em seguida, Baba Flávio começou a incrementar a área de Oya na cidade de Ira – Kwara. Com ajuda agora do seu amigo Ogunwale Oyadara – de Osogbo.
Estágios antes das obras o Rei aprovou o projeto assim como sacerdotes regionais e mais uma vez um artesão local yoruba fez as esculturas todas.
E parte da Biografia não autorizada de Baba Flavio Monteiro : além de todos os projetos de estrutura, Baba Flavio ajuda inúmeras crianças em área yoruba, com suas escolas, Oyadara em particular ajudou na Universidade e se formou o ano passado , – Baba Flávio Monteiro mesmo, não teve formação acadêmica mas esta ajudando principalmente os devotos de Oya a seguirem os estudos, e nem posso contar tudo para ele não ficar bravo comigo.
Continuando – Um arco central a entrada com um grande anuncio: Fonte Origem de Oya Ira
Com os 9 filhos ( Adotivos) de Oya esculpidos, outros desenhos, tem Sango, Ogun, varias representações de Oya e seus artefatos, os animais sagrados – antílope e búfalo também a Egbe Orun, uma devota ajoelhada prestando homenagens e Bembe um dos tambores que Oya Gosta e outros tambores.
No topo – o grande Bufalo ao centro e nas laterais duas coroas que são a fiel representação da Coroa do Rei da cidade de Ira.
Detalhes da Construção em Ira –
Essa Matéria foi dividida em 2 Partes.
Na segunda Parte – A visita ao rio Oya e também informações que o Baba Flávio coletou em terra yoruba sobre Oya e muito mais..
Mas desde já agradecemos o Baba Flavio Monteiro por toda a dedicação e empenho em preservar o culto de Orisa em terra yoruba e todos os envolvidos em todos os Projetos.