Por Asa Orisa Alaafin Oyo – Dra. Paula Gomes.
Oba ko so” quer dizer literalmente “o rei não se enforcou” e ele desapareceu ao pés da arvore Igba que da umas sementes chamadas Eru.
Koso é um distrito suburbano de Oyo, um dos lugares mais sagrados da cidade, porque era o lugar onde Sango estabeleceu seu poder, seu Ase. Por esta razão, um dos títulos é Obakoso Sango (o rei de Koso). Nenhum rei em Oyo é instalado sem executar todos os ritos de coroação dentro do templo de Sango em Koso, onde Tella Oko Sango deixou seu poder.
Mogba Koso significa Baba Onile Ogba, aquele que respeitou Sango e cobriu o sitio onde ele desapareceu e deixou seu poder.
Mogba era grande amigo e Tella Oko todos os poderes de Sango foram deixados com ele. Mogba desempenha um papel crucial na sucessão real, uma vez que ele é o custodiante da coroa ancestral de Sango e responsável pela coroação do novo rei.
Durante a seleção do novo rei, a coroa ancestral é devolvido a ele para ser mantido no santuário de Sango em Koso. Só ele tem autoridade para guardar os pertences de Sango.
Após a entronização do novo rei por receber a coroa Sango, é proibido para qualquer Alaafin voltar a Koso, porque Alaafin e Sango não podem se ver duas vezes em uma vida.
O Mogba tem a responsabilidade de realizar os ritos necessários entre as duas entidades.
Mogba Koso é quem coroa o Alaafin com a mítica coroa de Sango, o Alaafin será considerado Sango possuindo poderes sobrenaturais e espirituais
Dados Bibliográficos sobre o Assunto:
Pierre Verger in Etnografia religiosa iorubá e probidade científica
“O Padre Baudin e Xangô
Pode-se atribuir ao padre Baudin (Baudin, 1884 b:22), a menos que pertença a A. L. Hethersett (Hethersett, s/d: 50), uma lenda fantasista fundada sobre uma falsa interpretação do título Oba Koso, rei Koso, usado por Xangô antes de se tornar o terceiro Aláfin Oyó (Verger, no prelo: VIIIa), o rei dos Iorubá.
Essa lenda se baseia num trocadilho publicado pelos dois autores, em que o título Oba Koso aparece como significando “o rei não se enforcou” (Obá Kòso), uma frase que os Mogba, partidários de Xangô, teriam pronunciado para defender a memória do rei contra as alegações de seus inimigos, que afirmavam que ele teria se enforcado (Obá so) num momento de fraqueza de ânimo quando abandonou o trono.
Esses relatos pitorescos e divertidos sobre o suposto fim de Xangô foram publicados e vendidos “em proveito da” Sociedade das Missões Católicas Africanas de Lyon e da Church Missionary Society (protestante), que não tinham, nem uma nem outra, interesse algum em proclamar a glória de um deus pagão. O reverendo Epega (Epega, 1931), apesar da sua declarada simpatia pela religião iorubá, chegou até a interpretar o nome do dia da semana consagrada a Xangô, Ojó Jakuta, o dia do lançamento da pedra (aerolito), como o dia em que Xangõ teria sido lapidado por pessoas revoltadas contra ele.
Nenhum dos autores que escreveu anteriormente sobre Xangô relatou essas bobagens. Crowther declara (Crowther, op.cit.: 227) que “Obba-Kuso é o rei trovão e dos relâmpagos (literalmente, o rei de Kuso, o lugar onde se afirma que Xangô desceu vivo sobre a terra). Foi assim que começou o culto de Xangô”; Jean Hess (Hess, 1898:145), que esteve algum tempo em Oyó em 1893, também fala em Ikoso. Nenhum deles faz qualquer alusão a essa história de enforcamento, divulgada por Baudin e Hethersett e retomada por todos os autores que “eruditamente” escreveram sobre o Deus do Trovão”.
Agradecimentos: Patricia Ferreira e Dra. Paula Gomes, publicação original dentro do grupo de Facebook Orisa University.