Para os Yoruba o estudo para crianças/adultos que tem como destino serem sacerdotes babalawo/iyanifa é um caminho de muitos anos. A principal dificuldade está na memorização dos versos dos 256 odu ifá.
Cada odu pode ter mais de 30 versos.
O corpo literário de Ifá é um composto de histórias que narram desde o surgimento do universo, de como humanos foram criados, dos males que podem nos infringir e como concerta-los, de todas as bênçãos que os seres humanos podem receber, conta detalhadamente sobre todos os Orisa, de como são feitas as iniciações, as rezas, medicinas e ebo.
Não é uma por uma obrigação ritual e também um tempo determinado que indica que aquele sacerdote está preparado.
O primeiro a apontar que o ele/ela está pronto pode ser seu Oluwo (sacerdote professor), aquele que o vem treinando. Em território Nigeriano muitas vezes seu primeiro Oluwo será seu pai, seus irmãos mais velhos ou tios. Depois de algum tempo de estudo poderá ser encaminhado para outro sacerdote para continuar seu treino. Quando for apontado que o novo sacerdote está pronto.. outros babalawo podem ser chamados para o indagar , exigindo que ele recite aleatoriamente alguns versos dos odu ifá.
A principio algumas famílias aceitam que o recém sacerdote tenha conhecimento de 4 versos de cada odu, bastando para que ele comece a atender outras pessoas com o opele ou ikin, claro além de já se supor que sabe desenhar os odu e fazer as contagens dos ikin.
Outras famílias aceitam que o sacerdote ainda em treinamento também façam consultas, em qualquer ocasião e até mesmo para os mais velhos quando se tem uma dúvida é possível consultar outro sacerdote sem que isso seja considerado errado. Melhor fazer certo a fazer errado.
O sacerdócio ainda não é completo, apenas com anos de experiência os Babalawo darão a permissão para que no caso só sacerdotes HOMENS iniciem outras pessoas no culto de Orunmila e ai sim terá o seu igbadu (o igba mais secreto e sagrado de todo o culto) – {abordaremos sobre isso em outra ocasião}
Falar yoruba é fundamental, lembrando que esse longo caminho é percorrido por um yoruba nativo.
É um erro acreditar que o desafio dos babalorisa e iyalorisa é diferente do desafio dos babalawo/iyanifa.
Os sacerdotes de orisa, precisam dominar o jogo por erindilogun, por erin e por obi (e/ou orogbo). Treinar os 16 odu que regem o oráculo, suas rezas, suas passagens e suas curas além de todos os ritos que cercam o culto do orisa.
Na Nigéria existem sacerdotes para cada Orisa, ou seja o sacerdote do culto da Osun é um especialista. E também nada o impede de ser sacerdote de dois Orisa ao mesmo tempo.
No culto tradicional mesmo sendo um sacerdote especifico ou um iniciado a um culto de um orisa, ele poderá cultuar e ser iniciado para outros Orisa a única restrição será o Oráculo que é quem aponta sempre quais orisa uma pessoa deverá cultuar e/ou se iniciar.
Observações: 1- É comum que sacerdotes e iniciados de orisa também sejam iniciados no culto de Orunmila/Ifá.
2- Os oraculos podererão dizer a você 100 vezes que você tem caminho para ser um babalawo/Iyanifa, poderão dizer 200 vezes que você terá caminho para ser babalorisa ou iyalorisa se você não estudar não será reconhecido.
3- O estudo para quem é um sacerdote é eterno.
O culto de Orisa não morreu na África. Ele foi e é muito vivo. Um enorme esforço está sendo feito para que se documente o culto.
A Unesco em 2005 proclamou o sistema de Adivinhação de Ifá uma das Obras-Primas, Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade.
Uma vez ouvimos palavras muito sabias de uma iya anciã quando se referia aos cultos brasileiros sobre a pergunta: então não tem sacerdotes no Brasil?
A resposta foi: “todo aquele que conhece a fundo seu culto se dedicou e estudou é um sacerdote do seu culto.
um padre é um sacerdote do culto dele, cada um que estuda seu proprio culto é um sacerdote. Sempre que vemos a Nigeria encontramos a origem, a terra matter. Devemos entender e respeitar é o culto feito desde os primordios. Só queremos mostrar principalmente para a dispora que sim o culto é vivo e tem origem. Sem desrespeitar como os cultos migraram e são feitos hoje. O que nos chateia muitas vezes é que a diaspora parece querer nos ensinar, sou yoruba, eu vivo orisa, com 5 dias fiz a minha primeira obrigação a ifá assim como a maioria dos yoruba, eu tomo banho no rio Osun conheço cada templo de Orisa que existe na minha terra.”
Ire o!